Na criação de Deus podemos ver claramente Seu propósito eterno. Todas as coisas foram feitas por intermédio do Verbo, da Palavra, que é o próprio Deus (Jo 1:1, 3). Em Hebreus 11:3 lemos que “pela fé entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus”. Isso pode ser visto em Gênesis 1: com exceção do homem, todos os demais itens da criação são resultado de “disse Deus”. Isso é a Sua palavra agindo.
Gênesis 1 é um relato bem mais abrangente e complexo do que aparenta ser à primeira vista. Rigorosamente falando, a criação de Deus está registrada apenas no primeiro versículo, pois do versículo 2 em diante temos a recriação ou a restauração de todas as coisas.
Todas as coisas foram feitas pela Palavra de Deus, incluindo a criação pré-adâmica, subtendidas em Gênesis 1:1: “No princípio criou Deus os céus e a terra”. No entanto, o versículo 2 diz que a terra era sem forma e vazia. A palavra era, no original hebraico, é a mesma usada em 19:26, traduzida para converteu-se. Portanto, uma tradução mais correta seria: a terra tornou-se sem forma e vazia.
“Havia trevas sobre a face do abismo”. Isso, sem dúvida, é algo horrível. Teria Deus criado algo tão horrível? Evidentemente, não. A Bíblia diz que quando Deus criou todas as coisas, os filhos de Deus e as estrelas da manhã, que são os anjos, regozijavam-se e cantavam (Jó 38:7). Eles cantariam e se alegrariam ao ver algo criado sem forma e vazio, cheio de trevas? Além disso, o Filho, que é a Palavra por meio de quem todas as coisas foram criadas, que é também o arquiteto que planejou todas as coisas (Pv 8), teria criado algo sem forma e vazio, feio e cheio de trevas? A resposta só pode ser não.
Portanto, o que Deus criou originalmente era muito bonito, mas não tão bonito como o que temos hoje. Pelo que depreendemos do relato de Gênesis 1, não havia uma fonte de luz concreta como o sol e a terra não tinham muito relevo, sendo, talvez, cheia de crateras. Havia água e plantas, mas essas não produziam frutos nem floresciam. Certamente a maior parte do planeta era tomada por água. Naquele tempo, havia seres parecidos com o homem, mas que não podem ser chamados de homem, tampouco de nossos antepassados. Havia também grandes animais que viviam nas águas, descritos em Jó 40 e 41. Os animais mencionados ali descrevem não um animal em especial, mas dois grandes tipos de animais.
A versão de Almeida chama esse animal de hipopótamo; no entanto, a palavra hebraica é behemot, e por não ser possível determinar exatamente que animal é esse, os tradutores optaram por chamá-lo de hipopótamo. Realmente, há algumas semelhanças entre a descrição do behemot e o hipopótamo: ambos passam boa parte de seu tempo na água comendo plantas que estão nos rios (40:15, 22,23).
No entanto, os versículos seguintes mostram ser o behemot um animal muito maior e mais forte. Sua cauda, por exemplo, é com um cedro (v.17), enquanto a cauda do hipopótamo é bem pequena e fina. Isso parece corresponder à descrição de certo tipo de dinossauros, cujos fósseis têm sido encontrados.
O versículo 20 permite-nos dizer que provavelmente não havia montanhas naquele tempo, mas apenas pequenos montes, que produziam pasto para esses e outros animais. O behemot escondia-se em águas não muito profundas (v.21), em covas onde havia água, alimentando-se de plantas aquáticas.
O capítulo 41 descreve outro animal, o leviatã, traduzido na versão de Almeida para crocodilo. Esse era um animal muito feroz, carnívoro, ao contrário do behemot. Assim, o primeiro tipo de animal servia de alimento para este segundo; e eram ambos muito fortes e orgulhosos.
Antes de criar esses animais, Deus havia criado um arcanjo, ao qual entregara a liderança sobre toda a criação. Ele é mencionado no final do versículo 34, como sendo o “rei sobre todos os animais orgulhosos”. Behemot e leviatã eram animais orgulhosos, que tinham sobre si um rei, um arcanjo que mais tarde passou a ser chamado de Satanás.
A carne, a natureza caída do ser humano é orgulhosa. Todos nascemos com essa característica. Satanás é o orgulhoso e, por causa da queda do homem, essa natureza orgulhosa entrou no homem, fazendo-nos espontaneamente orgulhosos. Como resolver isso, já que Deus abomina o orgulho? (1 Pe 5:5). Louvado seja Deus, pois Seu Filho Jesus humilhou-se até à morte (Fp 2:5-8) e hoje, por meio do Espírito da realidade, Ele habita em todos os que crêem, infundindo-lhes Sua vida humilde!
Em Ezequiel 28 e em Isaías 14 vemos a descrição de Satanás antes de sua queda e o motivo pelo qual caiu. Nessas passagens, ele é representado pelo rei de Tiro e pelo rei de Babilônia. Satanás não se orgulhou de um momento para outro — Deus permitiu que ele se elevasse mais do que os arcanjos Miguel e Gabriel. No entanto, chegou um momento em que ele quis ser igual ao Criador. Isso Deus não podia tolerar e lançou-o por terra. Nessa ocasião, um terço dos anjos o seguiu em sua rebelião (Ap 12:4) e foram lançados para a terra juntamente com Satanás; no entanto, eles tomaram os ares como lugar de sua habitação. É a esses anjos caídos que Paulo se refere em Efésios 6, chamando-os de principados, potestades, domínios e poderes.
As criaturas que haviam na terra, representadas por behemot e leviatã, também se uniram à rebelião de Satanás, e foram, por isso, julgadas com água: os que viviam na terra morreram afogados bem como aqueles que viviam em águas rasas. Por esse motivo, a terra tornou-se sem forma e vazia, cheia de trevas. Essas criaturas que viviam nas águas se tornaram os demônios, que hoje habitam os mares. Podemos ver isso no Novo Testamento, quando o Senhor Jesus expulsou os demônios de um homem, e estes Lhe pediram que os mandasse para uma manada de porcos. Quando entraram nos porcos, eles fizeram com que a manada se precipitasse no mar.
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